Mande suas críticas e sugestões
amigobocaaberta@gmail.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tido como gênio e último imperador da moda, John Galliano completa 49 anos


John Galliano, aniversariante do mês, é chamado de “menino selvagem da moda inglesa”. Penso que o estilo teatral de suas criações é consequência do visual que o criador exibe: de personagem dickensoniano a um “albino rasta”, resultado da vida de homem gay assumidíssimo e espontâneo.

Não só de papel, prancheta, pincéis, lápis e de um bom Mac-Pro vive um estilista no século 21.Somente um profissional da era pós-moderna, treinado numa escola de artes pós-moderna poderia criar uma via expressa entre seu próprio âmago e a natureza mágica que possui um espetáculo de moda.

Pós-Modernidade na moda
Para sustentar seus estudos John Galliano trabalhou como costureiro no National Theatre, em Londres, onde aprendeu e apreendeu a receita que leva ilusão, mágica e noção de espetáculo.

Dizem por aí que a alta costura está caída e que não mais de 200 clientes podem pagar fortunas por um modelo exclusivo. Daí a crescente liderança do prêt a porter.

Não dá para apenas costurar para as mulheres dos grandes ícones do futebol e as dos novos bilionários do petróleo e do diamante.

Desde a década de 80 quando a cultura de massa e seus acessórios passaram a existir em nível global, desenvolve-se um processo de construção de cultura globalizada. A pós-Modernidade é conjunto de valores que norteia a produção cultural advinda desse processo e, no campo da moda, John Galiiano é seu protagonista.

Fama
Juan Carlos Antonio Galliano nasceu em Gibraltar, em 28 de novembro de 1960, filho de pai gibraltino e mãe espanhola, que o inoculou com estilo barroco.

Foi alfabetizado na Espanha e declarou numa entrevista que “o amor pelos tecidos veio dos mercados, das fábricas de fornos, dos tapetes, dos cheiros, das ervas aromáticas e da cor do Mar Mediterrâneo”.

Em 1966, a família se mudou para Londres, e, mais tarde, instalou-se em Dulwich, onde vive até hoje.

Depois de passar por várias escolas de arte e design, John Galliano chegou à prestigiada Central St. Martin's School of Art. Ali, conheceu outro jovem e talentoso estudante, John Flett, mas a relação entre os dois superdotados estilistas não durou muito.

No espetáculo de formatura da St. Martin's, em 1984, organizado pelos alunos, seus modelos inspirados em Danton e na Revolução Francesa - que ele havia criado anteriormente para uma peça no National Theatre – causaram tal impacto que os jornalistas especializados ali presentes, o chamaram de “verdadeiro gênio da moda”.

Uma semana após a formatura, suas roupas já estavam sendo vendidas na “Browns”, famosa boutique londrina. Antes do final do mesmo ano, Galliano já havia criado sua grife.

Sucesso sem lucro
Em 1987, ganhou o prêmio de Designer Britânico do Ano, sem que o sucesso financeiro tivesse acompanhado a fama. Foi um momento tão difícil que Galliano mudou-se para Paris, na tentativa de alcançar outros patamares e passou algum tempo dormindo de favor na casa de amigos.

Ali, Anna Wintour, poderosa editora chefe da American Vogue parodiada no filme “o Diabo veste Prada”, usou sua influência para convencer Kate Moss, Christy Turlington e Naomi Campbell, as estrelas da hora, a desfilar na base da amizade durante uma festa na mansão da socialite e mecenas portuguesa São Schlumberger (mulher de Pierre Schlumberger, da multinacional petrolífera, que atua em aproximadamente 80 países e emprega cerca de 70 mil pessoas).

Dezessete roupas na cor negra, inspiradas na Princesa Lucrecia, num décor com pétalas de rosa espalhadas pelo chão e à luz de candelabros. O show foi um sucesso monumental e o criador selou sua reputação como um dos grandes nomes do design de nosso tempo.

A fagulha do gênio
Na metade da década de 90, quando era o mais procurado criador de moda de Paris, um homem percebeu claramente a fagulha do gênio: Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), anunciou que Galliano tinha sido contratado para ser o novo estilista da grife Givenchy.

O mundinho da moda francesa ficou furioso. Como um inglês - e alguém tão “espaçoso” como Galliano - poderia cuidar de uma Maison considerada patrimônio da nação?

A primeira coleção (1996) "Le Papillon et la Fleur” (A borboleta e a flor), simplesmente arrasou. Duas coleções depois e nosso biografado já estava na Dior, justamente no cinquentenário do famoso “New Look”.

Ali, Galliano continuou a liberar seu instinto criativo, cujo espectro ia dos hopi indianos até a atmosfera dos cabarés de Berlim na década de 30.Por esta audácia, ele pagou um preço: suas roupas foram consideradas “não vestíveis” e o troco foi curto e grosso: imediatamente, criou coleções fantásticas, bem cortadas e muito usáveis.

Madonna e Nicole Kidman aprovaram e as usaram por ocasião do Festival de Cannes e na entrega dos Oscars.

Seus desfiles teatrais continuam sendo as grandes atrações das temporadas de alta-costura e de prêt-à-porter, da Dior ou da marca própria, Galliano. Faz questão de se apresentar nos desfiles, exibindo um físico invejável adquirido com 15 km diários de corrida e com a ajuda de personal trainners, único momento em que se afasta do trabalho.

É considerado “o último imperador da moda”.

mix

Nenhum comentário: