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terça-feira, 10 de novembro de 2009

PESQUISA MOSTRA A DIFERENÇA DE ACEITAÇÃO DE UM AMIGO GAY E DE UM PARENTE GAY


A maioria das pessoas diz não ter preconceitos na hora de contratar um profissional homossexual. Grande parte também afirma que permaneceria indiferente diante da declaração de um amigo que diz ser gay. Mas quando o assunto envolve parentes próximos ou filhos, a opinião é completamente outra. Uma pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo ao instituto Paraná Pesquisas mostra que até mesmo na hora de definir o que é homossexualidade os conceitos se dividem. Foram entrevistados 605 moradores de Curitiba maiores de 16 anos, nos dias 27 a 29 de outubro deste ano. A margem de erro é de 4%.

Mais da metade dos entrevistados, 53%, diz que não faria nada se um amigo se declarasse gay, contudo se fosse um filho ou um sobrinho, por exemplo, 33% afirmam que tentariam fazê-lo mudar de orientação sexual. Na família, conforme revela a pesquisa, o assunto homossexualidade ainda é um tabu: 81% das pessoas acreditam que os pais são sempre os últimos a saber e os três principais motivos que levam os filhos a não contar são: vergonha, medo e receio de decepcionar. “A pesquisa é fiel à realidade. Além de ter vergonha de falar aos pais, os próprios homossexuais têm também um preconceito internalizado”, explica Edith Modesto, autora de três livros sobre o assunto, mãe de um homem (de 49 anos) gay e, ainda, fundadora da Associação Brasileira de Pais e Mães de Homossexuais.

O preconceito existente na sociedade também acaba refletindo na pessoa que é gay, afinal ela terá problemas de autoaceitação. “Muitos não falam com ninguém sobre o assunto, sofrem sozinhos porque queriam ser igual à maioria e, quando resolvem contar, ainda têm medo de perder o amor dos pais. A grande questão é que não somos preparados para ser mãe ou pai de uma pessoa gay. Todos temos o preconceito internalizado, principalmente os mais velhos, e não sabemos como reagir. Eu, quando soube, me senti literalmente dentro de um tsunami”, afirma Edith. Ela conta que foi difícil entender o filho porque, na época, há 20 anos, nem novela nem outras mães comentavam o tema.

Se o preconceito existe ainda, um dos motivos é o de que até hoje não há nenhuma teoria capaz de explicar as origens (motivações) das relações homoafetivas, se efetivamente é uma opção ou a pessoa já nasce com essa tendência. Na pesquisa, 47% das pessoas acreditam que é uma opção sexual, 34% dizem que é doença ou desvio psicológico e 12% falam que é falta de vergonha na cara. “Não tenho nenhuma dúvida: a pessoa nasce assim, caso contrário, não existiriam tantos jovens se matando porque são gays ou outros tantos me ligando e pedindo para eu ajudá-los a ser como o pai deles, por exemplo”, diz Edith.

Para o psicólogo Acyr Corrêa Leite Maya, do Rio de Janeiro, este tipo de sexualidade é resultado de impressões, fantasias e experiências que acometem o indivíduo desde a infância na relação com as pessoas significativas que o cercam. “A primeira experiência sexual não é a base de tudo, tampouco o indivíduo nasce homossexual”, afirma Maya. Para ele, o problema é mais grave dentro das famílias porque os pais chegam a se questionar se foi consequência da educação dada, numa linha de que a homossexualidade é algo errado.

Sem “ismo”
Doença certamente não é. Este é um dos entendimentos da medicina e da psicologia, por isso mesmo o termo homossexualismo deixou de ser usado, já que o sufixo “ismo” denota patologia. A doutora em Educação e especialista em sexualidade Araci Asinelli da Luz explica que, embora haja somente dois sexos, a sexualidade pode ser exercida de muitas formas. “Os pais têm de compreender que estes são somente jeitos diferentes de amar. A orientação sexual não é uma escolha, não é uma opção, assim como ninguém escolhe ser heterossexual”. “Eu por exemplo, vi o meu marido e me apaixonei. Não sei dizer porque foi assim”, comenta Edith.

O consenso é de que essas experiências homoafetivas sempre existiram, mas só aparecem frequentemente agora porque a sociedade está mais aberta.

Serviço:
Os livros escritos por Edith são: Mãe sempre sabe?, Vidas em arco-íris e Entre mulheres – os dois primeiros editados pela Record e o último pela Summus GLS.

abalo

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