Edith Modesto é uma pessoa ímpar no cenário brasileiro. Heterossexual, especialista em Semiótica de linha francesa, bem educada e generosa, desenvolve há muitos anos um trabalho pioneiro com jovens LGBT e seus familiares, em dois projetos sociais que capitaneia, o Grupo de Pais de Homossexuais e o Purpurina.
Paralelamente, motivada pelo desejo de bem compreender a comunidade LGBT, lançou-se na coleta de depoimentos que resultaram em um registro original da diversidade sexual no Brasil contemporâneo e renderam, até o momento, os livros A Vida em Arco-Íris (Record, 2006), Mãe Sempre Sabe? (Record, 2008) e o recente Entre mulheres: depoimentos homoafetivos (Edições GLS).
Dedicado às lésbicas, o livro reúne a fala de mulheres que relacionam-se sexual e afetivamente com outras. Dessa forma, o leitor não homossexual ganha a oportunidade de vislumbrar esse universo nem sempre retratado de maneira fidedigna na mídia. As lésbicas, por sua vez, podem se identificar com o relato de outras mulheres – e para isso, o livro traz um leque bastante variado, de militantes a donas-de-casa.
Chama a atenção o recorte cotidiano dado em boa parte das falas. É assim, por exemplo, que no trecho "A Esperança de um Natal em família", conhecemos, pelo registro de quem já passou por isso, a dificuldade de um casal de lésbicas em celebrar uma data festiva para a maioria dos brasileiros: "Todo ano passamos o Natal sozinhas, e agora sozinhas com as crianças. Natal para a família da T. é uma ocasião muitíssimo importante. Tem ceia supercaprichada, tem Papai Noel com seu saco de presentes. As crianças esperam ansiosas por ele, mas as nossas ainda não adquiriram esse direito".
Em outros momentos, a violência explícita da sociedade brasileira contra os/as homossexuais é mostrada em frases cruas: "Minha mãe diz que preferia que eu morresse", afirma uma. Outra diz que sua genitora queria "espancá-la até ela virar mulher de novo".
Além da denúncia, Entre mulheres: depoimentos homoafetivos é um livro de esperança. A aproximação de não-LGBT com a diversidade, acredita Edith, é uma das principais ferramentas para aniquilar preconceitos historicamente arraigados. É assim que ela escolheu trilhar seu caminho na militância brasileira, com as palavras que estudou e ouviu ao longo da vida.
Entre mulheres: depoimentos homoafetivos. Edith Modesto. Edições GLS. 168 páginas.
uol
Um comentário:
É legal divulgar a união estável homoafetiva e o que a lei fala a respeito no momento.
Encontrei um blog, que tem a bandeira de falar de assuntos jurídicos atuais e importantes em linguagem objetiva. Lá tem um post com bastante coisa sobre esse interessante assunto.
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