Tema dos mais populares no Brasil, o futebol ganha uma análise do jornalista José Geraldo Couto em seu novo livro e aborda, inclusive, o delicado tema da homossexualidade em campo. Em “Futebol Brasileiro Hoje” (Publifolha), o colunista de esporta da Folha de S. Paulo observa que muitos jogadores estão deixando de lado o estereótipo de machões para se tornarem cada vez mais vaidosos e abertos à diversidade sexual.
O jornalista percorre em 104 páginas algumas questões como a atuação das mulheres nos gramados e a maior abertura do esporte para um diálogo com áreas como a moda e a mídia. No capítulo “Será que ele é? – Héteros, metros, homos no futebol”, José afirma que “os próprios futebolistas, vistos durante um século como modelos de virilidade, passam a revelar outras facetas nesta era de culto às celebridades e de mudanças de papéis sexuais”.
Em entrevista durante o lançamento da obra, o autor foi bem otimista sobre a quebra do preconceito e disse que “esse é um processo feito de avanços e recuos. Muitos torcedores e mesmo muitos profissionais da imprensa não só não têm contribuído para quebrar as barreiras, como ainda reforçam o preconceito homoerótico. A tendência geral é de um enfraquecimento dessas resistências, mas é algo que se dá muito lentamente, a meu ver”. Confira um trecho do livro:
Não é só o cerco das mulheres que ameaça o estatuto do futebol como "último reduto do macho". O edifício começa a mostrar rachaduras internas. Os próprios futebolistas, vistos durante um século como modelos de virilidade, passam a revelar outras facetas nesta era de culto às celebridades e de mudanças de papéis sexuais.
Mas não é o caso de superdimensionar o alcance das transformações. Assim como o poder dos cartolas, os velhos conceitos e preconceitos têm uma notável capacidade de resistência. Um jogador identificado pela torcida como homossexual, ainda que negue publicamente essa condição, como é o caso de Richarlyson, do São Paulo, costuma sofrer a hostilidade das arquibancadas e mesmo de setores da chamada crônica esportiva. Mas a própria divisão que começa a surgir entre os torcedores - uns vaiando, outros aplaudindo o jogador em questão - dá sinal de que as coisas estão mudando.
Ninguém mais ignora que o futebol funciona como um catalisador das tensões ideológicas e morais presentes na sociedade. Os astros do esporte estão cada vez mais inseridos no mundo da moda, nas colunas sociais, naquilo que o pensador francês Guy Debord chamou de "sociedade do espetáculo".
Nesse novo contexto, cujo símbolo mais acabado talvez seja o craque galã inglês David Beckham , os futebolistas assumem cada vez mais sua vaidade, seus cuidados com a aparência, quando não seu exibicionismo. Hoje os torcedores já não se chocam ao ouvir um jogador como Robinho declarar que depila as sobrancelhas "para não ficar parecendo um morcego".
"Futebol Brasileiro Hoje"
Autor: José Geraldo Couto
Editora: Publifolha
Páginas: 104
Quanto: R$ 18,90
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