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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Giovahnna Ziegler


Modelo conquistou o país quando decidiu se assumir lésbica no programa “Brazil’s Next Top Model”; leia entrevista

O “Brazil’s Next Top Model” seria um programa como qualquer outro do gênero – lindas modelos disputando seu lugar ao sol – se não fosse pela coragem da carioca Giovahnna Ziegler, 18, de se assumir lésbica na atração que foi ao ar este ano pelo canal pago Sony.

Apaixonada por esportes e campeã de skate, Giovahnna parece ser uma menina muito bem resolvida, articulada e inteligente. Sua saída do armário aconteceu da maneira mais natural possível, porque, como ela conta nesta entrevista ao Dykerama, sua sexualidade não é algo que a define. “Não tenho vergonha de namorar uma mulher”, diz.

O desafio de participar do “Brazil’s Nex Top Model” com outras 12 candidatas serviu, na verdade, como uma grande lição para Giovahnna. Após ser eliminada, ela tomou uma decisão: pretende abandonar a carreira e se dedicar aos estudos (ela quer cursar direito). “Eu não tinha o sonho de estar ali”, confessa.

Atualmente morando em Curitiba, Giovahnna falou um pouco mais sobre sua participação no programa. Confira a seguir.

Por que você decidiu se inscrever no BrNTM? Sempre quis ser modelo? Em teoria, não combina muito com seu jeito feminista, libertário, skatista...
Feminista e libertário? Quanto rótulo... Me inscrevi porque queria ganhar R$ 100 mil.

Como foi receber a notícia que tinha sido selecionada? E qual foi a reação da sua família e de sua namorada? Ela ficou com ciúmes ou preocupada?
A minha família ficou mais feliz que eu. Eu achei legal. Só legal. Minha família, que é em sua grande parte de artistas, adorou a ideia de eu me juntar ao “mundo”. Quando eu voltei do programa, e disse que não pretendia seguir essa carreira, ficaram um pouco desapontados, mas sempre me dão força para tudo. Sabiam que era provável que isso acontecesse. Minha namorada ficou com ciúme. Mas preocupada não. A gente tem uma relação muito estável e madura. Não nos vejo terminando.

Você surpreendeu a todos com a forma que assumiu sua homossexualidade no programa. Muitas pessoas acharam até "agressiva", outros acharam que você agiu com naturalidade. Você pensou nisso antes de participar, foi proposital a sua postura?
Rolou um assunto de namorados, e eu estava no meio. Quando me perguntaram da aliança que uso, como era o nome ‘dele’ etc., eu falei: ‘Não é um menino. Eu namoro uma mulher’. E fez aquele silêncio desconfortável (risos). Eu não acho de devia esconder. Não tenho orgulho, não tenho vergonha de namorar uma mulher... É simplesmente um gosto. Não é o que me define.

Como (e quando) você se descobriu e se assumiu lésbica? Como sua família lida com a sua orientação?
Não me “descobri’’ lésbica. Falei pra minha mãe que estava gostando de uma menina. Foi um ano inteiro de brigas, para, no fim das contas, ela só desejar que eu seja “feliz”. Sempre fui muito independente. Trabalhava e estudava porque gostava. Nunca fui “garota problema”, e sempre muito estável. O que não combina com minha jaqueta de couro e meu jeito de expressar as coisas, mas é a pura verdade. Enfim, em prol disso tudo, ela sabia que não era por rebeldia.

Você imaginou que poderia se tornar uma "referência lésbica"? Houve algum tipo de assédio, positivo ou negativo, depois da sua saída do programa?
(Risos). Claro que houve assédio. É super engraçado. Nem eu sabia que existiam tantas lésbicas no mundo. Algumas meninas de outros países (eu saí no “AfterEllen”, um site super popular entre lésbicas, no exterior). E elas me adicionaram no Facebook, Twitter... Eu sempre ouço algo do tipo “Quando largar a namorada, me procura”. Bom, digo desde já que eu não vou largar da namorada. Acho engraçado até o ponto onde não ofendem ninguém, ou exageram. Acho o fanatismo decadente.

Havia outra homossexual no programa, a Míriam, que tinha uma postura mais discreta, menos "militante" que a sua. Vocês chegaram a conversar sobre isso em algum momento?
Sim. Ela me contou da namorada. A gente dormia na mesma cama (eu, ela, a Japa e a Bruna), sempre passávamos madrugadas conversando. Conversávamos normalmente sobre isso. Me “pegaram pra cristo” pra ser a lésbica da edição, mesmo (risos).

Durante os episódios percebemos que houve muito preconceito, principalmente ligado a você, talvez por sua postura de mais enfrentamento, e que você sofreu muito em alguns momentos com isso. O que você poderia comentar sobre o preconceito e a convivência com as meninas da casa?
Nunca tinha passado por esse tipo de coisa. Sempre que conto rola o tal silêncio, mas, depois, vai amenizando com o tempo. Na casa, acho que pelo estresse e competição, me senti sufocada com o tanto que as pessoas só falavam disso. Tanto é que outras meninas – mais acostumadas com o assunto – ficaram do meu lado, por não aguentar mais as pessoas falando disso o tempo inteiro.

Você poderia comentar algum momento marcante do programa? E algum momento engraçado?
(Risos). Eu não me aguentei quando a Bruna cantou para comer uma banana! E, vendo o programa, a minha “briga” com a Japa foi super engraçada. Quando a gente estava na cama “discutindo a relação”!

Pretende seguir com a carreira de modelo?
Não é novidade que não pretendo. Em fevereiro paro de trabalhar como modelo. Pretendo estudar muito, esse é o plano. Mas, sobre o que e aonde, prefiro falar só quando acontecer (risos).

Acredita ter feito alguma amizade no programa?
Sim, acredito. Pessoas muito diferentes, às vezes, dão muito certo. Fiquei amiga da Fabí, da Japa e da Bruna. Converso muito com a Mirian, também. E, atualmente, aqui em Curitiba, encontro a Juju em vários trabalhos. O que tem me levado a gostar mais dela a cada dia. Nos divertimos muito nos “backstages”.

O que você achou do resultado final?
Achei legal. A Camila é uma ótima pessoa, com o sonho de ser modelo. Quanto mais passava o tempo lá na casa, e eu ia conversando com as meninas, ia caindo a ficha que eu não ia ganhar. Que não era justo. Eu não tinha o sonho de estar ali, elas tinham. Então, acharia justo qualquer uma ali, no top 3, ganhar.

dykerama

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