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segunda-feira, 29 de março de 2010

O que fazer quando sua lésbica modelo vira a casaca? Confira Bolacha Ilustrada


Nossa colunista bolacha se vê diante da questão: ex-lésbica existe mesmo?


O que caracteriza uma lésbica?

Segundo uma amiga, uma lésbica puro-sangue deve possuir ao menos três características:

1. Jogar futebol bem
2. Saber fazer baliza
3. Ser fã de carteirinha de pelo menos duas cantoras “entendidas”

Imediatamente lembrei da Nuna aos 7 anos. Eu sempre ia assistir aos seus jogos de futebol. Atacante e melhor jogadora do time, a minha prima preferida vestia uniforme e era chamada de Marquinhos pelos amiguinhos, que se sentiriam muito humilhados por perder pra uma menina.

Ela era minha heroína e companheira de aventuras. Um ano mais velha, me ensinou a arte de pilotar um carrinho de controle remoto, e a montar os aviõezinhos dos Comandos em Ação. A minha prima podia fazer tudo o que um menino fazia, só que muito melhor.

Os anos se passaram e a Nuna se tornou uma mulher linda. Atlética, extremamente sensual, mas como nunca reprovada em todos os gaydares de qualidade. A Nuna era gay, isso era óbvio para todo mundo, menos para ela mesma.

Não foi antes de eu já ter me assumido para a família inteira e criado um site lésbico que a Nuna teve a sua primeira experiência. Eu fiquei muito feliz por ela, finalmente ela havia encontrado o seu caminho. Dei conselhos, apresentei garotas legais, acompanhei de perto o seu primeiro namoro que durou quase um ano. Tudo seguia a lógica, até que...

- Bia, por que você nunca me atende?
- Eu tava trabalhando meu amor, não vi.
- Já está sabendo da novidade?
- O que foi?
- Eu vou casar.
- Já tava na hora Nuna, você e a Priscila estão juntas há muito tempo.
- Não vou casar com a Priscila, o nome dele é Ricardo.
- QUE!?
- Prima, eu achei o homem da minha vida.
Fiquei segurando o telefone, estática. Estava diante de uma lenda viva. Ex-gay, filhotes de pombos e gêmeos negros são coisas que todo mundo sabe que existe, mas ninguém nunca viu. Seria realmente possível?

cio

O Ricardo e a Nuna estavam juntos há três meses. E, segundo ela, foi amor à primeira vista. Ele era lindo, mais velho, fazia MotoCross e adorava trilhas, assim como ela. Os dois davam certo em tudo, inclusive na cama. Ignorando os meus protestos, a potencial ex-lésbica desligou o telefone com uma frase arrasadora:

- O casamento é no final de Julho, e você será minha madrinha.

Eu não podia me conformar. Como assim ela gostava de um HOMEM? Com certeza ela não encontrou uma mulher de verdade, eu precisava agir rápido, e encontrar alguém que impedisse a tragédia. Pensei em mil planos malignos, em como eu nunca mais iria falar com ela, aquela traidora! Ela não podia gostar de homens, isso é fato!

Assumir-se gay exige muita força para quebrar preconceitos, para não sentir-se excluído, para conquistar o seu espaço. Levar uma vida heterossexual parece muitas vezes a saída mais fácil. Ela estava traindo os seus sentimentos, casando com um homem para livrar-se das dificuldades de sair do armário. Ou não?

O mais incrível de tudo é que se eu conheço a Nuna, ela nunca faria isso, ela estava realmente apaixonada pelo rapaz.

De repente me dei conta de que soei exatamente igual à minha mãe quando contei que era lésbica. Eu estava provando do meu próprio veneno, e reagindo da mesma forma. Era um preconceito às avessas, igualmente injustificado.

Guardei a foto do time de futebol, dei um suspiro frustrado e torci, de verdade, para que a minha prima tivesse realmente feito a escolha certa. Que ela seja feliz com quem ela decidir, seja homem, mulher ou árvore. E que ela sempre consiga estar aberta o suficiente para ser capaz de se apaixonar por pessoas, não por gêneros.

Se essa história vai ter um final feliz? Depois da festa de casamento eu conto. Até lá...
Felicidades para a minha prima, e sorte para o Ricardo.

cio

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