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terça-feira, 30 de março de 2010

Filme desconstrói Rita Cadillac e mostra a mulher por trás do bumbum


Chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 9, uma sexta-feira, o documentário “Rita Cadillac - A Lady do Povo”, uma visão acima de tudo sincera sobre o sex symbol da bunda mais famosa do Brasil. Com direção de Toni Venturi (“Cabra Cega”) e roteiro de Daniel Chaia, o longa percorre a vida e carreira de Rita de forma literalmente documental, não pretende mitificar a dançarina, não lhe entrega nada além do que ela conquistou e, por isso mesmo, faz o público acompanhar com simpatia a história de vida da ex-chacrete.

Logo na primeira cena fica claro que se trata de uma viagem pela intimidade da musa dos presidiários, caminhoneiros e garimpeiros: Rita prepara o almoço em casa, arruma os talheres em cima da mesa de toalha estampada com flores, corta a carne, tempera daqui, confere dali. Uma dona-de-casa comum, sossegada em seu canto e feliz com a presença de sua neta em casa. Toni desconstrói o mito sensual que ronda Rita há anos para, a partir daí, reconstruí-lo com muito mais realidade e crueza, sem maiôs de paetês.

Com depoimentos de Rogéria, Dráuzio Varela, Leleco (filho do Chacrinha) e dos cineastas Hector Babenco e Djalma Limonge Batista, “Rita Cadillac” é uma viagem no tempo não só pela vida da protagonista, mas também da cultura brasileira, amante incondicional do bumbum. E Rita reconhece que se fez com o corpo, admite na maior sinceridade, como deve ser. Mas faz questão de diferenciar que a Cadillac trabalha com sua “enorme presença física”, como diz Hector Babenco, e a Rita de Cássia Coutinho com a cabeça, com o coração.

O documentário mostra as várias facetas da dançarina: mãe dedicada e empenhada em dar uma boa educação ao filho, avó apaixonada pela neta e dona-de-casa na maioria do tempo, com direito a dois poodles pretos bem fofos. Uma mulher em busca do amor verdadeiro, que tenta encontrá-lo sem medo de se entregar, e muitas vezes sofrendo por isso. Suas memórias amorosas vêm à tona e revelam um passado de sofrimento com um toque de repressão sexual, acredite. Rita é uma furacão sexual apenas no palco, quando é Rita Cadillac.

Vale a pena assistir para conferir sua histórica apresentação para cerca de 300 mil homens (!) garimpeiros da Serra Pelada, em 1984. Ou então seus shows no Carandiru, em São Paulo, com o objetivo de educar sexualmente os internos, ensinando, por exemplo, como colocar a camisinha e alertando para o risco da AIDS. Ela usa roupa curta e provocante, deixa os marmanjos darem selinho em seu bumbum e rebola até entrar em êxtase, mas é sempre respeitada como mulher, como artista. Um limite frágil que fica bem mais forte depois que você conhece Rita de Cássia Coutinho. É bom para o moral dela.


cultura gls

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