Nas décadas de 1950/60, Bayard Rustin foi um dos mais importantes líderes do movimento americano pelos direitos civis, mas como seu nome era raramente mencionado, foi meio ignorado pela mídia. Um gênio nos bastidores que permaneceu distante do espetáculo que se desenrolava aos olhos do mundo. Por que? Homossexualidade assumida e filiação, na juventude, ao Partido Comunista.
Importante liderança na cultura afro-americana e na História do movimento LGBT, foi escolhido pelo Dr. Martin Luther King, seu discípulo, para organizar o boicote aos ônibus segregacionistas na cidade de Montgomery (1963) e a Marcha sobre Washington.
E conseguiu mobilizar as 250 mil pessoas que estiveram na Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 28 de agosto de 1963, organizada e liderada pelo advogado, pastor, ativista e pacifista Martin Luther King. Este evento foi o ponto alto da carreira política de Bayard Rustin, sempre considerado seu “arquiteto-chefe”.
Foi ali que Luther King fez o discurso com a frase que entraria para a história da oratória americana : “Eu tenho um sonho!” ("I Have a Dream!").
Coerência
Bayard Rustin Taylor nasceu a 17 de março de 1912, em West Chester, Pensilvânia, pequena cidade perto da Filadélfia. Filho de mãe solteira, foi criado pelos avós maternos, que professavam a doutrina Quaker.
Com eles aprendeu que deve haver a igualdade entre todos os seres humanos diante de Deus e, em consequência dessa postura, aparecem juntas a necessidade vital da não-violência e a importância de tratar os semelhantes com amor e respeito,
Rustin fez seus estudos básicos na cidade natal. Ali praticou atletismo e desenvolveu sua bela voz com timbre de tenor. Foi para Nova York em 1937 e matriculou-se no City College, mas nunca terminou o curso superior.
Como tantos jovens desejosos de mudar o mundo, agregou-se à União de Jovens Comunistas do City College que se posicionava no combate à injustiça racial, mas logo se desiludiu porque a União não tomou uma atitude que ele julgava coerente quando da escalada nazista.
Conheceu A. Philip Randolph, chefe da Irmandade Sleeping Car Porters, que era, naquela época, o principal movimento pelos direitos dos afro-americanos. Começou a articular uma marcha em Washington pela defesa da discriminação racial na indústria.(Como vemos, a semente da Marcha de 1963 já estava plantada)
Veio o rompimento com Randolph por divergências e Rustin - continuando seu trabalho pela paz - participou do Fellowship of Reconciliation e, mais tarde, do American Friends Service Committee, do Partido Socialista. Durante a 1ª Guerra mundial, fez parte da Liga dos Resistentes.
Como membro da igreja Quaker, tinha o direito assegurado de fazer um serviço alternativo em lugar de se alistar nas forças armadas, mas quando soube que outros jovens estavam recebendo pesadas penas por não servirem, recusou a saída fácil e aderiu à mesma causa.
Em março de 1944, foi acusado de desertor e, condenado a três anos de reclusão na penitenciária federal em Ashland, Kentucky, constatou que a segregação racial também era praticada em cárceres nos Estados Unidos.
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