Las Bibas From Vizcaya entra na reta final da primeira década do Terceiro Milênio fazendo um movimento natural no mundo da música: se renovar, ampliando sua sonoridade e arrebanhando novos públicos. Com o novo CD do projeto do DJ George M., “Bipolar”, fica claro que LBFV não está mais de brincadeira, a música agora é profissional. É uma versão sem maquiagem do projeto que abalou as bees do Brasil com suas tiradas cômicas recheadas de humor cáustico. No novo disco, com lançamento marcado para maio, a one man band fica mais séria e compenetrada, recolhimento refletido na sonoridade de pegada house como base, mas com ritmos mais lentos do que o batidão das pistas. “É um CD atemporal, para ouvir no carro, em casa, no iPod fake no metrô. É para abrir os olhos de quem acha que Las Bibas é só risada”, pontua George, completando ainda que “a alegria é o remédio pra disfarçar e mascarar o que apenas o nosso travesseiro sabe todas as noites”.Pode parecer que Las Bibas está depressiva, mas não. É apenas uma fase mais séria, profissional mesmo, onde as palhaçadas características ficam reservadas para o podcast bafo e os vídeos no YouTube. As músicas foram produzidas por George com seriedade, para serem tocada em playlists além do fervo. “No Place” e “Numb”, por exemplo, têm batidas bem marcadas e leves que não lembram em nada a festa de Dolores de Las Dores de outrora, são traduções de um momento onde a profissionalização dos produtores é algo cada dia mais exigido pelo mercado, bem mais competitivo com as modernidades da internet e programas de edição de áudio que fazem pipocar pseudo-DJs a torto e à direita.Na nova fase, George assume que LBFV é apenas uma pessoa, ele mesmo, e oferece para o ouvinte um som sincero, sem maquiagem e sem medo de ser julgado como careta. Quem espera piadas encontra vocais bem trabalhados, no volume certo para acompanhar as batidas simples e leves, ótimas para um chill in. Não há mais risadas, existe harmonia e melodia, um produto cultural digno de ocupar as prateleiras de músicas. Nada mais de fervo nas músicas, a ordem é produzir bem para produzir sempre.“Bipolar” demorou um ano e meio para ficar pronto. O resultado “não é um CD de boate” e traz 16 músicas com parcerias bem especiais como Daniel Peixoto (ex-Montage), Madame Mim, Johnny Hoocker e o tenor André Libardi, além de remixes da faixa “Knife” feitos por gente como Luiz Pareto, Killer on the Dancefloor, Angel e Discokillah. Dá para conferir um preview clicando aqui ou conferindo o MySpace do projeto. Com a tristeza como inspiração principal, mas sem um tom pessimista, o novo disco das Bibas vai fundo nas letras para se tornar música de verdade, com lirismo, poesia trabalhada na sonoridade, união de elementos mesmo. A síntese desse trabalho vem na letra de “Olhos Castanhos”, com participação de Daniel Peixoto e backing vocal de André Libardi, onde George tira a máscara de Dolores para dizer: “Eu me corto, cicatrizo, me castro, me maltrato, me nego, me regenero, me reconstruo, sou vivo”.
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