TRVESTI MORRE APÓS APLICAR TRÊS LITROS DE SILICONE

O travesti E.B.L., 27 anos, que trabalhava como massagista, morreu na tarde de segunda-feira, em Sorocaba, em decorrência de aplicação de três litros de silicone industrial. O procedimento, completamente ilegal e que normalmente causa óbito, teria sido realizado num hotel em São Paulo horas antes. A equipe médica que cuidou do paciente na Santa Casa de Sorocaba, alerta que somente silicone de uso médico é permitido, e mesmo assim, por meio de intervenção profissional informou o Site Cruzeiro do Sul. De acordo com o médico André Kyriazi Campos, coordenador do Pronto Socorro de Clínica Médica da Santa Casa, o massagista deu entrada no hospital por volta das 3h30 de domingo para segunda-feira, e mesmo confuso, antes de ser entubado, contou ter injetado 3 litros de silicone industrial, sendo 1,5 litro em cada uma das nádegas, entre as coxas e o quadril. Sem especificar quem fez as aplicações e nem o endereço, o massagista teria se limitado a informar que o procedimento tinha se realizado num hotel na Capital.O acúmulo do produto utilizado para vedação de pisos, box e janelas, fez com que o quadril do massagista ficasse com circunferência de 1,20 metro. Porém, o que também chamou a atenção, foi a forma de como o procedimento foi realizado: foram constatadas cerca de dez perfurações de cada lado do corpo, vedadas com papelão da embalagem de cola super-bonder. Conforme explicou o médico, isso foi feito para evitar vazamento do silicone que é líquido, além do que as perfurações eram também grandes em virtude do tipo de agulha, conhecida como sendo de grosso calibre.O médico, que em dez anos de carreira nunca tinha atendido um caso desse tipo, ressaltou que o silicone industrial é absorvido pelo sangue, mas que não se dissolve, e por isso, ao chegar no pulmão, provoca embolia, fazendo com que o paciente não consiga mais respirar. Ainda segundo o coordenador do PS Clínico da Santa Casa, a aplicação do silicone provocou o quadro de trombobulismo pulmonar, matando o travesti num período de apenas quinze horas após sua internação. Ele morreu às 17h30 de segunda-feira.Experiência letalO médico André Kyriazi Campos disse que o silicone industrial, quando não mata em questão de horas, leva semanas para ser absorvido pelo organismo, devendo provocar sério efeitos colaterais. O uso do produto destinado à construção civil, por ser em forma de gel, não tem fixação no tecido humano, e pode simplesmente descer. André Campos lembrou que antigamente era corriqueiro ouvir que travestis que usaram silicone industrial ficavam deformados, uma vez que o produto não se sustentava por muito tempo e caía.Para o médico, que atendeu pessoalmente o massagista travesti, é importante que as pessoas tenham a consciência de que o silicone industrial é um corpo estranho no organismo humano, e letal. Quem quiser alterar a forma do corpo, deve sempre procurar por ajuda médica, de um cirurgião plástico, que indicará o tipo de prótese a ser usada.Nesse caso específico, André Campos disse também não compreender a atitude do massagista, que tinha prótese de mama devidamente colocada por uma intervenção cirúrgica, e de repente resolveu injetar silicone industrial. Normalmente o produto é vendido por R$ 13,00 em média, em embalagens de 280 gramas.Deixado pelo taxistaConforme consta no boletim de ocorrência de número 5299/09 registrado no Plantão Sul, o travesti tinha deixado sua casa na Vila Barão, onde residia com outro homem que se identificou no hospital como seu pai de santo, às 16h de domingo para ir até São Paulo fazer um programa. Entretanto, na madrugada, em torno das 3h30, um taxista chegou na residência e abandonou o massagista deitado na calçada. Conforme contou no hospital o homem que dividia a moradia com a vítima, o taxista teria avisado que estava com a Roberta (nome de guerra da vítima) dentro do carro, e enquanto o colega foi pegar a chave para abrir a porta, o taxista foi embora.A mãe do massagista, a servente M.N.S.L., 55 anos, moradora em Piracicaba, foi chamada e permaneceu no hospital até sua morte. Na polícia ela declarou ter cuidado dele até os 4 anos de idade, e que depois disso ele passou a morar com a avó paterna. A partir dos 15 anos ele se mudou, e até hoje ela não sabia onde ou com quem ele morava. Ele a visitou, pela última vez, há uns vinte dias. O corpo foi levado ontem para Piracicaba, onde foi sepultado.