O Jornal de Brasília publicou que reformatórios e mudanças na orientação religiosa tentaram combater o que nenhum viés científico conseguiu. Sem resultado. Foi o espaço necessário para que, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) declarasse que a homossexualidade não era doença, nem desvio, nem pecado. Dez anos depois, a rede de ensino do Distrito Federal ainda luta para vencer os preconceitos que motivaram o início do combate entre sociedade e sexualidade. Violências simbólicas nas escolas públicas do DF alcançam índices impressionantes, como o espantoso percentual de 63,1% das respostas dos alunos e 56,5% dos professores que confirmaram homofobia. Esse diagnóstico, evidenciado pela Secretaria de Educação do DF (SEDF) com apoio da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), assusta os estudantes que se assumem como homossexuais e enfrentam o julgamento cruel das mais diversas expressões de preconceito.Esses percentuais discriminatórios apontam para conflitos latentes dentro do ambiente de convivência escolar. "O preconceito é uma perigosa arma velada, diferente de um aluno que aparece com uma faca ou um revólver na mão, e é mais difícil de ser detectado", analisa uma das autoras do livro, Miriam Abramovay.A estudante Thaís Rodrigues, 21 anos, foi contra a corrente e não só saiu do armário como foi às ruas lutar pela sua orientação sexual. Assumida para a família desde os 16 anos, conquistou a confiança para levar a namorada em casa e ajudou a fundar a Organização Não-Governamental Coturno de Vênus, ONG brasiliense empenhada em discutir os direitos das lésbicas. Até se sentir bem com sua orientação sexual, Thaís precisou vencer os primeiros obstáculos do preconceito, dentro da sala de aula. "A verdade é que o preconceito ainda existe em todos os lugares, mas quando você é mais jovem, na escola, ele é mais agressivo e evidente". Ela admite que contar para a família foi difícil, e fala do sofrimento que traz uma vida dupla. "Minha mãe reparou que eu guardava um segredo", lembra. Ao se abrir com os pais, sentiu-se aliviada. "Eles disseram que me amavam e que isso não ia mudar". Atualmente, a mãe de Thaís é referência no assunto. Ângela Rodrigues e a filha participaram do programa de Ana Maria Braga para falar de preconceito, dividir sua história e dar dois recados. Aos jovens: "Ninguém é feliz vivendo um disfarce, seja honesto com você mesmo". Aos pais: "Quando soube da homossexualidade da Thaís pude conhecer minha filha por completo. Nós devemos lutar contra o sofrimento deles". Em geral, acrescenta Ângela, os pais sentem um luto quando recebem a notícia, como se o filho criado por eles tivesse morrido. "No entanto, minha filha continuou ali, a mesma que eu amava, somente com uma característica a mais", defendeu a mãe.Como Thaís, o presidente da ONG Estruturação, Milton Santos, busca os direitos e a cidadania dos homossexuais no DF. Mora há quatro anos com um homem, depois de um casamento heterossexual frustrado. "Não há nada diferente no sentimento dos casais gays. Nos amamos, vamos ao cinema, sentamos juntos, fazemos planos, é simples". Para Milton, mesmo depois de tantas conquistas, o preconceito ainda é latente e está nas ruas. "E nas casas de muitas famílias, nas escolas e nos divãs". Frente a julgamentos maldosos, ele recomenda paciência e prenuncia. "Daqui a dez anos..."
quinta-feira, 9 de julho de 2009
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