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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UM FILME CONTRA A HOMOFOBIA NA RÚSSIA


Chama-se Bons Companheiros e conta a história - com final trágico - de cinco drag queens na Rússia. É um sucesso de bilheteira. Resplandecente num vestido de seda rosa, ornamentado com penas de avestruz, uma luminosa drag queen corre pela rua principal de uma aldeia russa, cantando I will survive de Gloria Gaynor. Esta é apenas uma das imagens desconcertantes de Veselchaki (qualquer coisa como Bons Companheiros) - o primeiro filme russo destinado ao grande público sobre travestis num país onde os homossexuais ainda enfrentam graves obstáculos para conseguir que os seus direitos básicos sejam reconhecidos. A amarga conclusão de Veselchaki é que a sobrevivência está longe de estar garantida. Segundo o site português Cinecartaz o filme, que estreou no dia 15, conta a história de cinco drag queens que atuam numa discoteca gay de Moscovo. Elas partilham lágrimas, alegrias, batom e intermináveis shots de vodka enquanto conversam noite fora, antes de partir numa viagem destinada a correr mal. Com atores bem conhecidos - sendo que nenhum deles é homossexual assumido - o filme garantiu a estreia em 72 salas de cinema em 12 cidades russas. E também tem data de estreia prevista para o Cazaquistão, Ucrânia, Estónia, Letónia e Lituânia. Em Moscovo, onde o presidente da câmara, Iuri Lujkov, tem bloqueado repetidamente as tentativas de realizar um desfile anual do "orgulho gay", o filme pode ser visto em 12 salas de cinema destinadas ao grande público, sem um único sinal de protesto. Numa noite de fim-de-semana, uma sala cheia foi às gargalhadas com as reviravoltas do filme. Uma das drags encontra inesperadamente a sua mãe - só para esta lhe prometer que lhe vai costurará um bonito vestido. Numa outra cena, uma das drag queens mais velhas recorda como um oficial dos tempos soviéticos se queixou da sua atuação como travesti - não porque estivesse incomodado com o fato de estar perante um homem vestido de mulher, mas porque este cantou uma canção de uma cantora que tinha fugido para o Ocidente. Mas subitamente a sala ficou absolutamente silenciosa nas últimas cenas do filme, quando as cinco drag queens se deparam com um grupo de arruaceiros homofóbicos e decidem correr contra eles num ato final de coragem e desafio. O resultado é que eles não sobrevivem ao ataque, naquele que é um perturbante sinal de alerta para os perigos de comportamentos abertamente homossexuais na Rússia moderna. O filme é "fantástico", disse Serguei, à saída do cinema. "Gostei mesmo do filme. Fico satisfeito por terem feito, pela primeira vez, um filme sobre este assunto", acrescentou Vladimir Frolov. Frolov elogiou os atores por terem participado no filme. "Mostra que não se sentiram desconfortáveis por terem participado de um filme tão ambíguo. Para eles, foi arriscado, porque a sociedade russa é profundamente homofóbica", disse.

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