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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

De onde vem o preconceito?


Valéria Melki discorre sobre a origem do preconceito contra as lésbicas


Você já parou para pensar de onde vêm os preconceitos que nós sofremos? Nós nascemos e crescemos imersas numa sociedade preconceituosa que estabelece padrões de comportamento, mas muitas vezes nem pensamos sobre o assunto. Pior: muitas vezes internalizamos esses preconceitos, a ponto de achar que somos nós as inadequadas ou imorais. Sentimos que o erro está em nós. E lá vem aquela culpa danada nos corroendo a calma e a alegria.Na verdade, é bem importante que possamos olhar para essa realidade de uma outra perspectiva. Ocorre que, numa sociedade sexista como a nossa, a supervalorização do masculino como figura de poder cria sérias desigualdades entre homens e mulheres. Mesmo com todos avanços conquistados pelas lutas feministas, a mulher ainda é vista como um ser mais frágil, menos competente e, portanto, dependente dos homens. Dessa forma, é inadmissível que mulheres possam prescindir de um homem para estabelecer sua vida afetiva, para obter prazer sexual e até para levar de forma independente a sua vida cotidiana. Nesse sentido, nós, lésbicas, somos uma verdadeira afronta!As concepções cristãs, especialmente as católicas, dos papéis da mulher, da família e da moral sexual que permeiam nossa sociedade fortalecem e justificam esses preconceitos. Assim, uma mulher só cumpre verdadeiramente sua missão se for esposa e mãe. A família só é legítima se for composta de homem, mulher e filhos. O sexo só é permitido se tiver como objetivo a procriação. E o sexo entre iguais é uma abominação antinatural. O que foge a essas normas é pecado e deve ser condenado. Agora eu pergunto: quem é que só transa para procriar no nosso país? Apesar de sofrermos diretamente as consequências de todas essas concepções – sexistas ou religiosas–, precisamos aprender a nos livrar daquelas que nos deixam em desvantagem e nos fazem sofrer. Para isso, precisamos atentar para o fato de que todos esses valores são culturalmente construídos e que, portanto, podem – e devem – ser desconstruídos. Não que seja fácil, afinal nossa inserção na sociedade não se dá apenas de forma racional: estamos impregnadas das paixões e dos mitos da nossa cultura, muitas vezes de forma totalmente inconsciente.Nosso propósito é, com essa coluna, contribuir para que todas nós possamos fazer reflexões acerca da nossa realidade e, aos poucos, nos desvestirmos dos valores que nos submetem, que nos fazem amar com menos liberdade, que nos trazem culpa ou sofrimento. Acompanhe essa discussão, contribua, reflita, dê palpite. Vamos junt@s fazer nossa parte para construir um mundo mais feliz para tod@s nós!

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