Uma vez adicionada no meu MSN, foram três dias de conversas surpreendentemente adoráveis. Nós tínhamos a mesma banda preferida (uma banda de rock progressivo dos anos 70), amávamos a mesma raça de cachorro, e conversamos durante pelo menos 24 das 72 horas sem parar. Tinha tudo pra ser uma paquera normal, até que surgiu a primeira bomba:- Beatriz Almeida, escute o que eu estou dizendo porque eu não vou repetir.- O que foi, Vi?- Um dia você vai ser minha e eu vou ser sua.- Você sabe disso com três dias?- Você vai ser o amor da minha vida.CALMA, MUITA CALMA NESSA HORA! Eu sabia que a Vitória era uma pessoa intensa, mas dizer a pessoa que é o amor da vida com três dias, ela só podia ser maluca! MEDO MEDO MEDO! Ri desconcertada, me fiz de doida, disse que precisava sair e, obvio, liguei para a Helena.- Hell?- Como vai a sua conversa com a mulher absurda que eu arrumei pra você?- Quem? Ela é maluca, só pode! Você acredita que ela disse hoje que nós íamos casar e ser felizes para sempre? Ela me conhece faz três dias!- Cuidado meu amor, ela sempre consegue tudo o que quer!- Sabe o que eu acho? Que ela é uma menina mimada, que nunca levou um não e que no amplo conhecimento que ela tem sobre o mundo lésbico por alguma razão bizarra e desconhecida, decidiu que eu era a mulher da vida dela e que ela ia me ter. Pra cima de mim não meu amor, tudo o que eu menos preciso na minha vida é de uma menina mimada achando que é minha dona! E além do mais, eu vou namorar a Lívia e ela já está de passagem comprada.- AHAM. Se você não quer meu amor, por que ela incomoda tanto você?A Helena estava certa, alguma coisa me atraía naquele jeito impulsivo, naquela confiança inacreditável e naquelas sensações malucas que a Vitória me despertava. Por razões até hoje desconhecidas, eu sentia falta de falar com ela, de ver a plaquinha do MSN subindo e das declarações malucas de amor.Eu dei meu telefone para ela, e nós nos falávamos muito. Eu adorava o sotaque paulista, as expressões bobas, a voz articulada e confiante. Alguma coisa estava acontecendo, e eu não queria admitir. Queria que o meu pragmatismo não fosse tão sentimental. Eu tentei pensar de todas as formas com a razão, DE TODAS! A Livia estava de passagem comprada, ela era a namorada perfeita e eu não ia trocar aquilo por uma menina kamikaze. Eu precisava terminar com aquilo, e rápido.
cio
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