Aquela lendária história de um gay se casa com sua amiga lésbica está contada de forma leve e bem divertida no novo livro de Gisele Joras, “Um instante a pulsar na memória” (Espassum Editora). A obra perpassa a história de Rafaela, a narradora, e Gustavo. Ele se casou por necessidade, para se passar por hétero, já ela se uniu a ele por carinho e cortesia. Gisele é autora ainda da novela "Betty, a Feia", exibida pela Record no ano passado. Isso porque a alma da narradora sempre foi livre e não se dobra a pressões sociais. Ela foi criada assim por seus pais ex-hippies e não vê problema algum em sua sexualidade. Rafaela é o fruto da contestação, da revolução, e não poderia ter uma personalidade diferente. Mas essa liberdade não é tão grande assim para seu amigo Gustavo.Ele é filho de tradicionais (leia-se muito caretas) fazendeiros do interior de Minas Gerais. Gente com a cabeça fechada e que não acredita em, e nem quer, mudanças, quebra de paradigmas. O que significa que Gustavo não deve e nem pode se assumir homossexual. Se sua amiga é filha da revolução, ele representa a continuidade de um padrão imposto - e vai tentar se livrar disso sem muitos discurso militante.A saída para a liberdade, para a sexualidade plena, está na amiga e na mentirinha que eles criam. E duas pessoas tão diferentes quando se unem podem provocar muitos choques, mas não é isso que Gisele busca em seu livro. O casamento rola muito bem, obrigado, e cumpre seu objetivo maior de tapar o sol com a peneira. O legal é observar a história pelos olhos de Rafaela. A narrativa em primeira pessoa é pontuada por traços da personalidade da personagem que ora suavizam as situações e ora colocam nelas o peso exato que possuem. Engraçado e leve, o livro é uma boa leitura para quem ainda se sente um pouco reprimido. “Um instante a pulsar na memória” Gisele JorasEspassum Editora197 páginasR$ 34,50
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