Quando “7 Conto – A comédia” começa, o público já está rendido ao talento de Luis Miranda. Com seu guardador de carros desbocado, Miranda começa a disparar seu humor cáustico que não passa despercebido, nem pela mais ingênua das criaturas. O que muita gente talvez não saiba é que Luis Miranda não chegou até aqui à toa, antes de ficar conhecido pelo grande público, através do seriado “Sob Nova Direção”, Miranda foi construindo seus personagens um por um, e o que se vê na montagem atual, poderia ser visto como a trajetória individual do artista.
Dona Edith e a milionária Sheila (por exemplo) já freqüentaram muito o palco do “Terça Insana” – programa teatral de esquetes cômicas que virou cult há alguns anos atrás na cidade de São Paulo, com o comando de Grace Gianoukas. Foi de lá que Miranda foi construindo suas personagens femininas. O tom politicamente errado que o ator apresenta em suas personagens, trás em si, muita crítica social. E o grande mérito do ator não é apenas fazer rir, é fazer rir no desconforto. Claro que esse é o grande achado dos comediantes. Miranda não se furta de expor suas próprias mazelas, metaformoseadas em personagens, como a da atriz mirim que não tem modelos. Talvez Miranda também não tenha tido. Lembro de uma cena emblemática do ator na peça “Apocalipse 1,11” (2000) onde ele – como um dançarino de boate decadente – era completamente humilhado pela companheira de palco, por ser preto e pobre, e consequentemente ladrão. Desde então, acompanho os passo do ator e sua fala inquietante é o que ele tem de mais interessante. Fala essa que é escancarada na comédia que reúne suas personagens: do apresentador-bizarro-para-elite-alienada, da velha-presa-ao-sistema-que-a-devora-pouco-a-pouco, da fã do “Val Disney” – que faz histórias para “as coisinhas que são diferente” –Os gays não estão longe da língua do ator. Maria Gadu e Diogo Hypolito – por exemplo – são citados. O jeito “meigo” dos gays, seu poder de sedução, e o personagem “Bambi” também aparecem (Bem como outras que você descobrirá indo assistir). Não são piadas gratuitas e “7 Conto – A comédia” não deve ser enquadrada na linha do besteirol, é diminuir o talento de Miranda, reduzir seu texto a piada de botequim.Versátil, o ator tem fôlego e atenção para observar tudo ao seu redor, sem se perder nas suas personagens. A direção de Ingrid Guimarães talvez tenha posto mais agilidade na inquietude do ator. Dos 8 personagens apresentados, 5 são mulheres: Dona Edith (personagem impagável e de longe a melhor, na minha opinião) Sheila, Dona Arminda, Caroline e a irmã da Daiane do Santos. Nenhuma delas – por exemplo – traz esboçada em sua composição, traços de uma interpretação caricatural ou estereotipada. O público simplesmente esquece que é um homem por trás da máscara feminina. No Youtube é possível ver vários trechos de suas personagens. Mas Luis Miranda merece sim uma ida ao teatro. É o tipo de ator que tem que ser conferido de perto. Assim como Marcelo Médici – o ator de “Cada um com seus pobrema”, Miranda ainda promete mais com suas esquetes e seu talento. Aguardemos.
Dona Edith e a milionária Sheila (por exemplo) já freqüentaram muito o palco do “Terça Insana” – programa teatral de esquetes cômicas que virou cult há alguns anos atrás na cidade de São Paulo, com o comando de Grace Gianoukas. Foi de lá que Miranda foi construindo suas personagens femininas. O tom politicamente errado que o ator apresenta em suas personagens, trás em si, muita crítica social. E o grande mérito do ator não é apenas fazer rir, é fazer rir no desconforto. Claro que esse é o grande achado dos comediantes. Miranda não se furta de expor suas próprias mazelas, metaformoseadas em personagens, como a da atriz mirim que não tem modelos. Talvez Miranda também não tenha tido. Lembro de uma cena emblemática do ator na peça “Apocalipse 1,11” (2000) onde ele – como um dançarino de boate decadente – era completamente humilhado pela companheira de palco, por ser preto e pobre, e consequentemente ladrão. Desde então, acompanho os passo do ator e sua fala inquietante é o que ele tem de mais interessante. Fala essa que é escancarada na comédia que reúne suas personagens: do apresentador-bizarro-para-elite-alienada, da velha-presa-ao-sistema-que-a-devora-pouco-a-pouco, da fã do “Val Disney” – que faz histórias para “as coisinhas que são diferente” –Os gays não estão longe da língua do ator. Maria Gadu e Diogo Hypolito – por exemplo – são citados. O jeito “meigo” dos gays, seu poder de sedução, e o personagem “Bambi” também aparecem (Bem como outras que você descobrirá indo assistir). Não são piadas gratuitas e “7 Conto – A comédia” não deve ser enquadrada na linha do besteirol, é diminuir o talento de Miranda, reduzir seu texto a piada de botequim.Versátil, o ator tem fôlego e atenção para observar tudo ao seu redor, sem se perder nas suas personagens. A direção de Ingrid Guimarães talvez tenha posto mais agilidade na inquietude do ator. Dos 8 personagens apresentados, 5 são mulheres: Dona Edith (personagem impagável e de longe a melhor, na minha opinião) Sheila, Dona Arminda, Caroline e a irmã da Daiane do Santos. Nenhuma delas – por exemplo – traz esboçada em sua composição, traços de uma interpretação caricatural ou estereotipada. O público simplesmente esquece que é um homem por trás da máscara feminina. No Youtube é possível ver vários trechos de suas personagens. Mas Luis Miranda merece sim uma ida ao teatro. É o tipo de ator que tem que ser conferido de perto. Assim como Marcelo Médici – o ator de “Cada um com seus pobrema”, Miranda ainda promete mais com suas esquetes e seu talento. Aguardemos.
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