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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Bando de SP ataca travestis em Londrina

LONDRINA

A série de ataques, esfaqueamentos, espancamentos e a morte de dois travestis e transexuais em Londrina, Norte do Paraná, pode ter relação com a instalação de uma nova quadrilha na cidade. O grupo, formado por travestis, pretende controlar o mercado local do sexo, banindo antigos profissionais do ramo e vinculando o setor a diversas ilegalidades. As denúncias são de vítimas, profissionais e ex-profissionais ligados à prostituição transexual.
Segundo as fontes, a quadrilha é do interior de São Paulo. Chegou a Londrina em outubro do ano passado – data que coincide com o começo dos episódios de perseguição aos travestis (veja quadro). O bando anda em carros de luxo e já trabalhou em esquemas de prostituição profissional na Europa – para onde enviam, a partir de Londrina, travestis para exploração sexual.

Polícia apura relação entre quadrilha e crimes
O delegado do setor de Homicídios de Londrina, Ernandes Alves, afirma que os ataques a travestis “podem ter mais de uma motivação”. Alves não descarta a possibilidade de que algumas agressões tenham relação com intolerância e preconceito contra os travestis, mas alega estar “atento” às informações sobre a existência de um bando que deseja manter o controle do mercado sexual em Londrina. “Já temos bastante informações. Pode ser briga pessoal entre eles e disputa. Mas nada posso adiantar.”

Crimes

Atos violentos contra travestis em Londrina:
Em um bairro de classe média, na Zona Oeste, a quadrilha mantém uma casa onde pelo menos 22 travestis de outros estados se abrigam. Ali, fazem dívidas com hospedagem, têm acesso facilitado ao crack, ganham roupas de marca e apliques de silicone em seringas – ou vão para São Paulo para cirurgias plásticas que chegam a custar R$ 7 mil. Bancados pela chefe do esquema – que morou na Itália – não conseguem saldar as dívidas, que se acumulam.
“Quando tentam fugir, pagam com a própria vida”, denuncia Edson Bezerra, 49 anos, um ex-travesti que passou das ruas e da prostituição desde os tempos da ditadura a defensor reconhecido dos direitos de prostitutas e homossexuais. “Há uma relação muito forte entre os crimes. É só montar o quebra-cabeça”.
Um dos travestis mortos neste ano estava hospedado na pensão do bando em Londrina. O outro era da cidade, mas se abrigava na pensão da quadrilha em Jundiaí. O pai da vítima contou a Edson que o filho acumulou dívidas de mais de R$ 5 mil e se tornou refém do bando. Foi até o interior de São Paulo para resgatá-lo, pagou metade e trouxe-o de volta a Londrina. Tempos depois, sem conseguir a outra parte do dinheiro, o rapaz foi executado.
“Ultrapassa a cafetinagem”, acusa o ativista, que resolveu falar após quase quatro anos afastado das causas. Edson era presidente da ONG Adé-Fidam, entidade que até 2005 lutava contra o preconceito. Após problemas internos, a entidade se desmanchou, mas Edson permaneceu como referência. Agora, é procurado pelas famílias de vítimas e por travestis que temem que a sequência de ataques caia no esquecimento.

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