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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

São Paulo recebe a 7ª edição do festival Cinema Mostra Aids



Organizada anualmente pelo Grupo pela Vidda, acontece de 19 a 25 de agosto o VII Cinema Mostra Aids. Filmes e documentários nacionais e internacionais que abordam o universo de homossexuais soropositivos estão entre os destaques da programação. Os filmes serão exibidos no Centro Cultural São Paulo e no Cine Olido. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.Veja abaixo a programação completa:Cine Olido19/08 (6ª feira)15hPEDRO(Pedro, EUA, 2008, cor, 90’)Direção: Nick OceanoA história verídica dramatizada com atores, o que se convencionou chamar de “docudrama”, dá conta aqui da trajetória do cubano Pedro Zamora (1972-1994), o primeiro homossexual soropositivo a participar de um reality show na televisão americana. Em 1994, a audiência da MTV acompanhou os desdobramentos de uma nova temporada do programa The Real World, encenado numa casa em São Francisco, no qual jovens conviviam no dia-a-dia. Por assumir sua doença, ainda em fase inicial, e discutir sobre ela abertamente no ar, Zamora (interpretado por Alex Loynaz) se tornou celebridade. A fama intensificou seu papel de ativista e educador em prol do esclarecimento da aids em todo país. O filme mostra a trajetória do caçula de numerosa família em Cuba, a mudança para Miami e a descoberta da homossexualidade e do HIV pelo rapaz, apoiado especialmente pela irmã Mily (Justina Machado). Quando ainda integrava o time juvenil do programa e namorava Sean (DaJuan Johnson), com quem chegou a se casar, Zamora começou a apresentar os primeiros sintomas sérios provocados pelo vírus, situação que também ganhou cobertura da mídia. Um dos amigos mais próximos no projeto de TV, Judd Winick lançou em 2000 uma autobiografia em forma de quadrinhos sobre sua convivência com Zamora, material que inspirou os roteiristas.17hSEXO POSITIVO(Sex Positive, EUA, 2008, cor, 76’)Direção: Daryl WeinA trajetória de Richard Berkowitz, ativista gay revolucionário nos anos 1980, é o tema deste documentário, que credita a Berkowitz o mérito da adoção e divulgação do sexo seguro como principal alternativa para enfrentar a aids. Profissional do sexo, Berkowitz emergiu do epicentro da epidemia como um líder da comunidade gay norte-americana, exigindo a evidência e a importância da prática do sexo seguro num momento de medo generalizado diante da nova doença. Ele atua junto com dois outros personagens fundamentais na história: Joseph Sonnabend, um virologista, e o músico Michael Callen. Juntos, eles mostram que as práticas sexuais mais seguras eram fundamentais para que não se desistisse do sexo completamente. Pelos olhos de Berkowitz, o filme testemunha depoimentos sobre sexo, morte e traição, colocando a “invenção” do sexo seguro em um contexto de incertezas.19h30UNDER THE SKIN(Under the skin, Brasil, 2010, cor, 7’)Direção: Silvia Lourenço e Sabrina GreveO curta-metragem integra o projeto de doze episódios Fucking Different São Paulo, co-produção Brasil e Alemanha que já está em sua quarta edição, e foi selecionado para a mostra paralela Panorama do Festival de Berlim 2010. Atriz premiada da nova geração, Silvia Lourenço (Quanto Dura o Amor?) uniu-se a outra jovem intérprete reconhecida, Sabrina Greve, para registrar o depoimento de rapaz que descobre ser possível conviver bem com o vírus HIV. Miguel Dias conta como se reconheceu homossexual ainda adolescente, sobre a primeira transa aos 19 anos, a dificuldade de se revelar aos pais e os vários parceiros. Mais complexa foi a notícia de ser soropositivo. No início com o rosto escondido por uma fotografia sombria, o protagonista vai sendo desvendado aos poucos até se mostrar, na medida em que assume uma condição mais tranqüila com a aids. Produção do alemão Kristian Petersen, a iniciativa com diversos diretores nasceu de oficinas no Festival Mix Brasil.68 PÁGINAS(68 pages, Índia, 2007, cor, 92”)Direção: Sridhar RangayanSubvertendo o gênero cinematográfico consagrado por Bollywood, sempre baseado em música e drama, esse filme coloca em cena personagens ignorados pela grande indústria indiana do cinema: uma bailarino transexual, um casal gay, um profissional do sexo e um usuário de drogas. Tudo para contar histórias de dor e trauma, felicidade e esperança – ou da condição de ser HIV positivo e discriminado. Sempre a partir de cinco vidas e experiências registradas em 68 páginas do diário de Mansi, uma conselheira cuja exigência ética é a de manter a confidencialidade dos seus casos. Ao tentar ser objetiva na compreensão dos problemas, ela não pode envolver-se emocionalmente com nenhuma pessoa que está aconcelhando. Foi filmado em Mumbai, Maharashtra, Índia. 20/08 (sábado)15hO UNIVERSO DE KEITH HARRING(The universe of keith harring, Itália/França, 2008, cor, 90’)Direção: Christina ClausenA mesma atitude generosa que moveu Keith Haring (1958-1990) em sua arte, também valeu para a atuação no esclarecimento e nas atividades de prevenção a aids depois que o americano descobriu ser soropositivo. Inspirado pela idéia da larga reprodução artística e acessibilidade, Haring propagou inicialmente sua arte gráfica numa forma similar de grafite em muros e desenhando com giz nas paredes do metrô da Nova York dos anos 80. Ali chegou jovem, aos 19 anos, para se juntar a uma animadíssima turma de novos talentos e agitos noturnos. Como todo artista da vertente pop, ele carimbou seus ícones de temas homoeróticos das maneiras mais variadas que lhe ocorriam, e nunca fez questão de aprisioná-los em galerias. Tornou-se um nome reconhecido e valorizado em cifras, mas possibilitou que o público comum também tivesse acesso a seus trabalhos, quando criou uma loja com diversos objetos seus. O documentário detalha essa trajetória, inclusive destacando suas passagens pelo Brasil, país de que era fã, com participação na Bienal de São Paulo e grafitando um painel ao vivo em show de Ney Matogrosso. Amigos e admiradores como Yoko Ono, o fotógrafo David LaChapelle e o coreógrafo Bill T. Jones dão seu depoimento. Sua fama fez toda a diferença quando passou a ativista em prol do combate a aids, inclusive ao criar uma fundação em favor das vítimas da doença que por fim o vitimou.17hSTEPHEN FRY E A AIDS(Sephen Fry Inglaterra, 2007, cor, 120’)Direção: Ross WilsonDepois de perder muitos amigos para a aids a partir dos anos 1980, o ator Stephen Fry, roteirista desse documentário, faz uma viagem pessoal pela Grã-Bretanha e tenta entender o porquê do aumento das infecções pelo HIV. O filme concentra-se em universos distintos – de gays, héteros e vários outros grupos, inclusive adolescentes. A ideia é descobrir o que eles pensam sobre sexo seguro. Pode ser chocante, por exemplo, ver como muita gente age em relação à doença, preferindo não se proteger. Ao ser entrevistada, uma mulher diz ter dormido com vários homens em uma semana e ainda assim afirma não ver nenhuma razão para proteger-se. Com perguntas diretas e contundentes, vez ou outra Fry (que já viveu o protagonista soropositivo do filme Para o Resto de Nossas Vidas, de 1992), deixa clara a raiva e a indignação que sente diante de pessoas que contribuem para agravar o problema.19hROCK HUDSON – BELO E ENIGMÁTICO(Rock Hudson – Dark and Handsome Stranger, Alemanha/França/Finlândia/Áustria, 2010, cor, 95’)Direção: Andrew Davies e André SchäfferA data de 25 anos da morte de Rock Hudson, ocorrida em 2 de outubro de 1985, é a razão para a dupla de diretores revisar a conturbada vida do astro e o impacto gerado pela descoberta de ser ele, um mito masculino de Hollywood, homossexual e portador do vírus HIV. Como lembra um entrevistado, foi a primeira vez que milhões de pessoas ouviram falar da aids, e principalmente, associada a um símbolo de virilidade do cinema. Com este princípio, o documentário detém-se mais na condição de uma vida dupla de Hudson do que em sua evolução cinematográfica, cuja preferência recai sobre a parceria tão simbólica com Doris Day em filmes como Confidências à Meia-Noite (1959) e Não me Mandem Flores (1964). Sua figura de galã em comédias românticas contribuía para firmar a fachada que blindava sua intimidade, lembram amigos como o escritor Armistead Maupin e especialistas de cinema, enquanto na piscina de casa ele recebia jovens marginalizados da esfera estelar de Los Angeles. O filme relata a infância difícil com o abandono do pai, a chegada à metrópole ainda como Roy Harold Scherer Jr. e avança até a agonia final, quando sua assessora mais próxima precisou alugar um Boeing vazio para transportar Hudson de Paris para os Estados Unidos porque nenhuma companhia aérea queria tê-lo junto a outros passageiros.21/08 (domingo)15hMEU AMIGO CLAUDIA(Meu amigo Claudia, Brasil, 2009, cor, 87’)Direção: Dácio PinheiroO “amigo Claudia” não é outro senão Claudia Wonder (1955-2010), uma das travestis mais conhecidas do cenário nacional. Numa trajetória precursora, ela quebrou tabus desde que passou a atuar como artista e ativista na São Paulo dos anos 70, a exemplo dos papéis em filmes da pornochanchada e de sexo explícito. Títulos como Eu Te Amo, de Arnaldo Jabor, legitimaram seu pioneirismo. Também foi a primeira de sua classe a posar nua para uma revista masculina e a tirar a roupa no teatro. Tornou-se ícone pelas performances dos anos 80 e cantava, sem o auxílio da dublagem. Claudia desafiou a polícia em tempos duros a “subir o morro e trocar tiro com malandro”, em vez de “prender bicha”. O documentário esmiúça sua vida desde o momento em que, ainda como Marco Antonio Abrão, filho de pais jovens e criado pelos tios, começa a se produzir aos 15 anos e parte para os shows. O surgimento da aids atravessa seu caminho, levando-a ao front da prevenção. Até próximo a sua morte, ela se dedicou ao Centro de Referência da Diversidade, instituição administrada pelo Grupo Pela Vidda. Além de entrevistas com a protagonista, há depoimentos de artistas como Grace Gianoukas e Glauco Mattoso. O filme também relembra Caio Fernando Abreu, escritor e grande incentivador que assinou um artigo para jornal intitulado “Meu Amigo Claudia”.17hDZI CROQUETTES(Dzi Croquettes, Brasil, 2009, cor, 110’)Direção: Tatiana Issa e Raphael AlvarezO premiado documentário resgata a trajetória de um dos grupos mais irreverentes da cena nacional, e mesmo internacional, dos anos 70. Os Dzi Croquettes trabalhavam na chave da performance um show musical debochado e contestador, com números pautados pela liberdade, crítica social e pelo universo gay. Seus integrantes travestiam-se de mulher ou surgiam no palco quase nus, mas não no contexto do ideário drag queen que viria mais tarde. Mantinham barbas e deixavam as pernas peludas à mostra, e assim foram para a Europa. A carreira de sucesso chamou atenção de artistas como Liza Minelli, espécie de madrinha da trupe que dá seu depoimento no filme. Junto com o esgotamento artístico natural de uma empreitada coletiva, que não chega a sobreviver incólume até a década de 80, vieram algumas tragédias. Além de três profissionais assassinados, a aids vitimou outros quatro, entre eles Lennie Dale (1934-1994), bailarino americano líder na formação do grupo ao lado de Wagner Ribeiro, e o cenógrafo Américo Issa, morto em 2001, pai da diretora Tatiana Issa. Parte de um conhecimento muito íntimo, portanto, este retrato cativante e desconhecido das novas gerações, captado pelas vozes que o admiraram, caso de Ney Matogrosso e Marília Pêra, e de alguns de seus protagonistas, entre eles Cláudio Tovar, Bayard Tonelli, Ciro Barcelos, Benedicto Lacerda e Rogério de Poly.23/08 (3ª feira)15hDE MÃOS ATADAS(Tied hands, Israel, 2006, cor, 90’)Direção: Dan WolmanEnquanto o filho bailarino agoniza, sua mãe viúva (Gila Almagor) sai pela noite de Tel Aviv em busca da única coisa que lhe aplaca a dor provocada pela aids. A maconha é o alívio do jovem (Ido Tadmor), trancado em seu quarto, afastado dos amigos e do mundo por opção. Quando sua reserva acaba, a mãe testemunha o sofrimento e decide apelar aos conhecidos do jovem para conseguir mais droga. A tarefa não é fácil e gera vários incidentes, como a troca sem querer da erva por coentro numa boate freqüentada por gays, ou a investida sem sucesso entre viciados que acaba levando a distinta senhora a parar na polícia. Essa versão peculiar da mãe coragem, aquela disposta a tudo para salvar sua cria, abarca muito mais que a empreitada imediata. Na sua viagem noturna, ela começa a conhecer o universo em que o filho homossexual trafegava e assim reduz a distância entre eles. Prova de que as relações familiares não eram das mais claras está na revelação final, que embute uma atitude do pai com o filho quando criança e explicativa do título do filme.17hAMOR NO TEMPO DO HIV(Love in a time of Aids, EUA, 2008, cor, 40’)Direção: Beth JonesOs cinco personagens de diversos países deste documentário estão entre os trinta milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo, conforme anuncia a estatística logo no início. Produção em formato de minissérie depois compactada em um média-metragem, o filme aponta justamente a possibilidade da boa convivência com a doença de jovens e adultos, inclusive com a possibilidade de constituir família. É o caso, por exemplo, do casal inglês Andrew e Michelle, que decide ter um segundo filho pelo processo de fertilização in vitro, com lavagem de esperma, já que ele, hemofílico, contraiu o vírus numa transfusão de sangue quando criança. Também dos russos Zhenia e Volodya, mas aqui num contexto mais radical. O marido decidiu arriscar-se a ser contaminado por Zhenia, que aos 20 anos se drogou com a agulha de uma amiga infectada, para procriar pela via normal. A visão desse quadro é complementado pelo caso da adolescente americana Christina, única de três irmãos a adquiriro HIV da mãe, por sua vez vítima do marido, morto em decorrência da aids. Já a sul-africana Tender não conseguiu estender a experiência da maternidade. Seu bebê morreu logo depois de nascer por complicações da doença. Ela, então, opta pela adoção. Por fim, uma jovem indiana infectada pelo marido sem nunca ter sabido de sua condição, trabalha num centro de apoio a casamentos entre soropositivos enquanto está as voltas com um encontro romântico ela mesma.19h30O UNIVERSO DE KEITH HARRING(The universe of keith harring, Itália/França, 2008, cor, 90’)24/08 (4ª feira)15hAIDS E PRECONCEITO – OU A PERNALONGA DA HISTÓRIA(Aids e Preconceito – ou a Pernalonga da história, Brasil, 2005, cor, 17’)Direção: Wilson FreirePernalonga é a alcunha do ator pernambucano Antonio Roberto de Lira França. Figura popular e querida da cena alternativa do Recife, ele se ligou desde os anos 70 a diversas manifestações culturais da capital, a exemplo do teatro e cinema. Atuava travestido no palco e em filmes experimentais como Outras Cenas da Vida Brasileira, de Jomard Muniz de Britto, escritor e poeta que é também referência local. França, bissexual, se descobriu soropositivo em 1987, mas não desenvolveu a doença, o que não evitou que tivesse um fim trágico em 2000 por decorrência da aids. Vítima de um suposto assalto em Olinda durante a madrugada, o ator foi ferido com uma facada e esperou tempo demais por socorro. Na época, questionou-se se a hesitação de testemunhas e moradores em ajudá-lo não teria sido causada pelo conhecimento público da condição de portador de HIV de Pernalonga. Daí o título abordar a questão do preconceito, num período em que a “aids ainda era visto como monstro”, nas palavras de um entrevistado. Sua ex-companheira Flávia, amigos, colegas de profissão, familiares e médicos dão seu depoimento sobre as circunstâncias da morte e a vida pessoal e artística do intérprete.ESTADO DE NEGAÇÃO(State of Denial, EUA, 2002, cor, 86’).Direção: Elaine EpsteinO título do documentário se presta a um duplo sentido. O estado de negação aqui tanto pode valer para a reação mais imediata dos soropositivos ao se depararem com a descoberta do HIV, como para toda uma nação, no caso a África do Sul, cujo chefe maior à época da realização do filme simplesmente questionava o vírus como causador da aids. O presidente, Thabo Mbeki propagava tal idéia publicamente e foi preciso muita insistência e protestos de associações engajadas para demovê-lo e implementar uma política de combate à doença, o que passou a acontecer depois de sua substituição. A temeridade é ainda maior por se tratar de um país que hoje contabiliza cerca de cinco milhões de infectados, um dos quadros mais dramáticos no mundo. Vale a pena retornar no tempo para acompanhar esse estado de coisas nem tão distante assim. O minucioso histórico recupera casos como o primeiro paciente de um médico em 1994, o apedrejamento até a morte de uma mulher que se declarou soropositiva, e de como os trabalhadores das minas, longe de casa por meses, acabaram por disseminar a doença ao se envolverem com prostitutas. A transmissão de mães para filhos também é abordada num núcleo negro e outro branco. Não se esquece, claro, da situação de miséria gerada pelo apartheid. Tampouco, a dificuldade da maior parte da população em ter acesso aos medicamentos e a briga com laboratórios para liberar patentes.17hACT UP – MUDANDO A DEFINIÇÃO DE AIDS(Act Up Oral History Project, 2009, EUA, cor, 27’)Direção: James Wentzy e Jim HubbardEm 1987, um grupo de aproximadamente trezentos ativistas homossexuais formou em Nova York o Aids Coalition to Unleash Power, ou Act Up, a partir de uma dissidência do Gay Men’s Health Crisis (GMHC). Desde então, a turma organizou protestos e iniciativas de esclarecimento sobre a doença, com alvo principalmente na legislação, pesquisa médica, tratamento e política de saúde. A atividade pioneira foi fundamental para mudar o conceito em torno da aids. Uma das questões daquele período ainda misterioso sobre a ação do HIV dizia respeito aos “grupos de risco” e seus direitos a tratamento concedido pelo governo. Este documentário, parte do programa maior Act Up – Oral History Project, contempla a situação das mulheres infectadas pelo vírus, lésbicas ou não, assim como usuárias de drogas, e os benefícios conquistados para reconhecimento como vítimas e medicação adequada. Ao mesmo tempo em que relembram os preconceitos e barreiras nos anos 80, as ativistas Marion Banzhaf, Heidi Dorow, Maxime Wolfe e Terry McGovern comentam em seus depoimentos a coragem do Act Up, modelo que se tornou referência para o mundo no combate à aids.ESTÃO VOLTANDO AS FLORES(Estão voltando as flores, Brasil, 2009, cor, 51’)Direção: Ana Cristina Kleindienst, João Cotrim, Julia Alquéres, Natália ManczykTrabalho de conclusão de curso de alunos de jornalismo da Fundação Casper Líbero, o documentário tem como foco os soropositivos com mais de 50 anos, uma faixa etária pouco lembrada quando se aborda a aids. Mas pesquisa entre 1996 e 2006 aponta, de acordo com o filme, o dobro de infectados entre homens e o triplo entre mulheres. O impacto da descoberta da doença parece ser tão ou mais penoso ao se vislumbrar os relacionamentos e casamentos que alguns destes personagens, heteros ou homossexuais, viviam ou ainda vivem e como enfrentaram a nova condição. É o caso de Beatriz Pacheco, de 61 anos, casada três vezes e hoje líder do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas, e de J.P, de 64, que preferiu se manter no anonimato para revelar o fim da intimidade com a mulher depois da descoberta do HIV. Numa outra ponta, há homens e mulheres solitários recolhidos em instituições de apoio e ali tratados. Um deles, Gilson Rodrigues, um paciente de maior cuidado segundo especialistas ouvidos, gosta de cantar e entoa para a câmera a canção-título do filme, composta por Paulo Soledade e famosa na voz de Dalva de Oliveira. A produção ainda registra o último depoimento de Norberto Bossolani, morto em novembro do ano passado, aos 77 anos. Coordenador da ONG Grupo pela Vidda, organizadora do Cinema Mostra Aids, ele comenta as dificuldades de parceiros anteriores em lidar com a questão e de como, naquele momento, convivia bem com o companheiro.19h30A HISTÓRIA DE RACHEL(Rachel’s Story, Inglaterra, 2002, cor, 22’)Direção: Chris SmartTerceira numa família de quatro irmãos, Rachel Whitear cresceu como uma garota típica da classe média do interior inglês, com interesses diversos, a exemplo do futebol e aulas de piano. Aos 18 anos, sua vida se transforma. Conhece um rapaz mais velho viciado em heroína, com quem passa a namorar, e torna-se também dependente da droga. O desconhecimento dos familiares em relação aos tóxicos e a incredulidade de que a filha pudesse estar envolvida com um deles retardaram o auxílio e Rachel, já na universidade e distante de casa, é encontrada morta por overdose em 10 de maio de 2000. O doloroso processo, relembrado no curta-metragem documental, inclui memórias como aquela em que a protagonista devolveu à mãe um relógio de ouro pertencente a sua avó para não correr o risco de vendê-lo. Além dos pais, dão seu depoimento uma das irmãs, que se casou e resgata a imagem ainda saudável de Rachel no dia da festa, e a melhor amiga Polly, com quem a jovem se correspondia mesmo depois de ter deixado sua cidade. A imagem mais impactante, no entanto, é uma foto do corpo da vítima ainda no chão de seu quarto com os estragos visíveis do vício, momento que os pais decidiram tornar público com objetivo educativo às novas gerações.DEFENDENDO A VERDADE – ROMPENDO O SILÊNCIO(Standing-n-truth: breaking the silence, EUA, 2009, cor, 75’)Direção: Tim DanielsEnfoque evidenciado pelo Cinema Mostra Aids do ano passado, a questão da doença entre a comunidade negra é também motivo de investigação neste documentário, agora circunscrita aos Estados Unidos. O filme, embora se abra para temas como identidade sexual, a dificuldade de se assumir gay ou diversidade e tolerância, se firma em duras constatações pelas estatísticas. Os negros representam 13% da população americana, mas quando se trata de infectados por HIV a porcentagem sobe para 51%. A situação alarmante é refletida por especialistas e depoentes de várias esferas, como a política governamental, no nome da congressista Maxine Waters, o escritor Michael Eric Dyson e a atriz Sheryl Lee Ralph. Um dos universos mais constantes da discussão em filmes similares dedicados aos afro-descendentes, a religião volta a ser foco aqui, na maneira de como as várias igrejas, como a batista ou a católica, lidam com o problema da aids. De vozes anônimas, como homens gays ou um casal de lésbicas, a uma conferência mundial, forma-se um quadro abrangente e esclarecedor.25/08 (5ª feira)15hMANGOSTIM: HIV/AIDS NA MALÁSIAMangosteen – HIV/Aids in Malaysia Malásia, 2006, 14min.Direção: Gregory Pacificar, Alzo SladeAté o final de 2001, contabilizava-se na Malásia 5.500 crianças órfãs em função das mortes por HIV. As mães, em muitos casos, adquiriram o vírus de seus próprios parceiros. São esses dois grupos, as mulheres e seus filhos, os alvos desse documentário pelas vozes de três ativistas mulheres. Os diretores visitam abrigos que cuidam de ambos, tanto em virtude de casos de abandono, como de morte da mãe. De modo geral, as mulheres atendem por 30% dos casos de infecção por aids em todo o país, que em 1990 contava ainda 1,2%. Ouvem-se especialistas e pessoas comuns sobre a relação e informação com a doença, revelando ainda equívocos, a exemplo do rapaz que acredita ser necessário apenas evitar se relacionar com prostitutas para não correr riscos. As prostitutas, por sua vez, confirmam a conhecida dificuldade em conseguir que seus clientes utilizem preservativo. Como exemplo de que o descuido não se insere apenas em uma classe social ou meio profissional específicos, uma médica relata casos com suas pacientes de bom nível financeiro e mesmo ligadas à religião muçulmana, numa rara abordagem desse grupo.JANAÍNA DUTRA – UMA DAMA DE FERRO(Janaína Dutra – Uma dama de ferro, Brasil, 2011, cor, 50’)Direção: Vagner de AlmeidaJanaína Dutra, ou Jaime Cesar Dutra Sampaio, nasceu em 1961 em Canindé, no interior do Ceará, e morreu em 2004, vítima de câncer de pulmão. Sua trajetória, rememorada pelo documentário, inclui a descoberta paulatina da preferência por se tornar mulher, o uso depois dos 17 anos dos primeiros hormônios já em Fortaleza, a rejeição dos familiares e a efetivação como uma travesti atuante na defesa dos direitos dos homossexuais e no esclarecimento da aids a sua classe. Entre uma conquista e outra, estudou, formou-se advogada e foi a primeira travesti a conseguir uma carteira da OAB, que a reconhecia como Doutor Jaime. Tudo isso não ocorreu sem discriminação, deboche e destrato dos colegas, que a própria Janaína conta numa entrevista ao lembrar casos como a de uma ida a faculdade usando saia. Por sua vez, os pais e irmãos, com quem moraria depois na capital cearense, revelam o processo de aceitação e respeito com que viriam a tratar a opção de Janaína. Ainda em seu trabalho voluntário, procurava apontar outras oportunidades às colegas além da prostituição, alternativa que nunca seguiu. 17hROCK HUDSON – BELO E ENIGMÁTICO(Rock Hudson – Dark and Handsome Stranger, Alemanha/França/Finlândia/Áustria, 2010, cor, 95’)19h30STEPHEN FRY E A AIDS(Sephen Fry Inglaterra, 2007, cor, 120’)Centro Cultural São Paulo19/08 (6ª feira)16hDEFENDENDO A VERDADE - ROMPENDO O SILÊNCIOStanding-n-Truth – Breaking the SilenceEstados Unidos, 2009, 75 min.18hDE MÃOS ATADASTied HandsIsrael, 2006, 90 min.20hSessão de Curtas – O Cinema mostra a Aids.Vários diretores, DVD, total 88 min.Listas de filmes na sessão:Mangostim: HIV/Aids in MalásiaMangosteen – HIV/Aids in MalaysiaMalásia, 2006, 14 min.Aids e Preconceito - Ou a Pernalonga da HistóriaBrasil, 2005, 17 min.Under the SkinBrasil, 2010, 7min.Act Up – Mudando a Definição de AidsAct Up Oral History Project, 2009, EUA, cor, 27min, DVDA História de RachelRachel’s StoryInglaterra, 2002, 22 min.20/08 (sábado)16hO UNIVERSO DE KEITH HARINGThe Universe of Keith HaringItália/França, 2008, 90 min.18hROCK HUDSON - BELO E ENIGMÁTICO Rock Hudson – Dark and Handsome StrangerAlemanha/França/Finlândia/Áustria, 2010, 95 min.20hJANAÍNA DUTRA - UMA DAMA DE FERROBrasil, 2011, 50 min.21/08 (domingo)16hMEU AMIGO CLAUDIABrasil, 2009, 87 min.18hESTADO DE NEGAÇÃOState of DenialEUA, 2002, 86 min.20hESTÃO VOLTANDO AS FLORESBrasil, 2009, 51 min.23/08 (3ª feira)16hSEXO POSITIVOSex PositiveEstados Unidos, 2008, 76min.18h68 PÁGINASÍndia, 2007, 92min.20hDEFENDENDO A VERDADE – ROMPENDO O SILÊNCIOStanding-n-Truth – Breaking the SilenceEstados Unidos, 2009, 75 min.24/08 (4ª feira)16hROCK HUDSON - BELO E ENIGMÁTICORock Hudson – Dark and Handsome StrangerAlemanha/França/Finlândia/Áustria, 2010, 95 min.18hPEDROEstados Unidos, 2008, 90min.20hSTEPHEN FRY E A AIDSInglaterra, 2007, 120min.25/08 (5ª feira)16hAMOR NO TEMPO DO HIVLove in a Time of HIVInglaterra, 2008/2009, 40 min.18hESTADO DE NEGAÇÃOState of DenialEUA, 2002, 86 min.20hDZI CROQUETTESBrasil, 2009, 110 min.


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